quarta-feira, 31 de outubro de 2007

MÚSICA NO MUSEU: PROJETO E PROGRAMAÇÃO

Poucos sabem mas existe há 10 anos na cidade do Rio de Janeiro um projeto de música erudita/popular que reúne um concerto para cada dia do mês nos principais museus e centros culturais da cidade. O Projeto chama-se MÚSICA NO MUSEU e é importante ressaltar que todas as apresentações são gratuitas, o que excita a curiosidade daqueles que nunca tiveram contato com este tipo de produção. A única contramão fica por conta do horário: Os concertos, em grande maioria, são realizados pelo período da tarde, ou seja, horário no qual os ouvintes estão em seus devidos empregos e estudos. Foi pensando nestes que o MÚSICA NO MUSEU promove concertos também para os fins de semana. Segue em anexo a relação de todos os museus que fazem parte do projeto:

• Museu Nacional de Belas Artes• Museu da República• Museu Histórico Nacional• Museu Nacional da UFRJ (Quinta da Boa Vista)• Museu da Chácara do Céu• Museu do Açude• Parque das Ruínas• Biblioteca Nacional• Museu Internacional de Arte Naïf do Rio de Janeiro• MAM-Museu de Arte Moderna• Casa Franca-Brasil• Casa de Cultura Laura Alvim• Museu do Rádio Roberto Marinho• Espaço Cultural da Marinha• Museu Histórico do Exército (Forte de Copacabana)• Museu Militar Conde de Linhares• Casa de Arte e Cultura Julieta de Serpa• Centro Cultural Telemar (ex Museu do Telefone)• Museu da Cidade• Memorial Getúlio Vargas• Centro Cultural Light• Arquivo da Cidade do Rio de Janeiro• Museu H. Stern• Espaço Furnas Cultural• Palácio Itamaraty• Palácio São Clemente (ex Embaixada de Portugal) • Museu do Ingá (Niterói) • Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro• Museu Naval• Centro Cultural Cândido Mendes • Mosteiro de São Bento
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Para o mês de novembro, teremos homenagens para artistas brasileiros de talento. Com a palavra, o diretor de MÚSICA NO MUSEU:

"A programação de novembro reúne os concertos emblemáticos da Série escolhidos pelo público através do site do projeto. Inicia - se com Turíbio Santos (que abriu Música no Museu em 1997) no Paço Imperial, o novo espaço da Série e encerra-se com a OSB - Jovem no dia 30 na Sala Cecília Meireles. Apresenta, entre outros, Arthur Moreira Lima, Roberto de Regina, Lilian Barreto, João Carlos Assis Brasil, Yamandú Costa, Paulo Bosísio, Leo Gandelman, Maria Teresa Madeira, Luís Senise, Coral Brasil Ensemble, da UFRJ, Sacra Vox, Trio Mignone, Jocy de Oliveira Ensemble, e jovens ganhadores de prêmios como Sylvia Theresa, Mariana Spoladore, Luis Gustavo Carvalho (vindo especialmente de Paris), Luciano Magalhães e Marcelo Thys (recém chegados do Japão) entre outros.
A cada concerto homenageará um compositor brasileiro, entre eles, Alberto Nepomuceno, Alceu Bochino, Antonio Weiss, Camargo Guarnieri, Cláudio Santoro,Edino Krieger, Ernane Aguiar, Francisco Mignone , Guerra Peixe, Jocy de Oliveira, josé Guilherme Ripper, José Siqueira, Leopoldo Miguez, Marlos Nobre, Nicanor Teixeira, Radamés Gnatalli, Roberto Macedo, Ricardo Tacuchian, Ronaldo Miranda, Tom Jobim, Villani-Côrtes e Villa-Lobos, naturalmente.
Além disto, atrações internacionais-músicos da Itália e do Panamá- apresentam-se no decorrer do mês.Com isto Música no Museu comemora os seus 10 anos realizando, em novembro, 41 concertos no Rio de Janeiro e mais 8 nas outras cidades, totalizando no ano, até este mês, 472 concertos e assim já caminhando para superar a marca de 500, um novo record."
Sérgio da Costa e Silva- Diretor de Música no Museu
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Segue abaixo os links para a homepage e programação de novembro/2007:

www.musicanomuseu.com.br

www.musicanomuseu.com.br/nov07.htm

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Eleições de 2010 e Copa do Mundo 2014

Foi confirmada no último dia 29, em definitivo, a conquista do Brasil em sediar a Copa do Mundo de 2014. Sem dúvida esta é uma boa notícia em termos gerais. O País se compromete frente a uma confederação internacional em investir em sua própria infra-estrutura para a realização dos jogos que tanto excitarão os brasileiros amantes de futebol em todo país.
Sem querer colocar água na cerveja de ninguém mas, em linhas específicas, geramos mas um pequeno problema para as já tensas eleições de 2010. Afinal de contas, será o governo eleito neste ano que ficará com a tarefa de “emoldurar” todo o Brasil para a realização desses jogos. Quase posso sentir o cheiro de chantagem no ar. A bolinha vai invadir as telas também das propagandas gratuitas eleitorais e, junto com ela, virão chantagens sensacionalistas de ambos os lados tentando, de alguma forma, queimar o lado opositor. Um dizendo que “precisamos continuar com o planejamento que nos valeu ser sede da Copa do Mundo”; Outro retrucando: “É esta a imagem que daremos para o restante do mundo?”.
No Fim das contas, comprime-se a propaganda governamental em 3 direções distintas: a copa do mundo, os programas sociais e o fim da corrupção. Na primeira direção, creio que a disputa se dará nos termos que coloquei acima. No segundo, teremos as mesmas demagogias de sempre que nos valeram o atual presidente da República. A terceira direção ficará ao cargo da competência de uma oposição frágil e pouco inspirada que tentará novamente contradizer, pela cabeça genial de seus mentores, as duas primeiras direções caso estas fiquem ao cargo do atual governo.
Falou-se em reformas políticas, falou-se na diminuição da tributação mas tudo isso será facilmente esquecido pela esperança de dias melhores para o nosso majestoso futebol...É possível que a maioria dos brasileiros prefiram votar nos candidatos para técnico da Seleção. Temos ou não de fazer valer a nossa democracia?

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

FÁBULA DOS GATOS

Por Aristides Athayde (*)
Um fazendeiro plantava milho e o armazenava no paiol. Com o milho, o fazendeiro alimentava as galinhas, os cavalos, as vacas, e todos os outros bichos da fazenda. Os bichos da fazenda, por sua vez, garantiam ao fazendeiro o seu sustento. Os ratos insistiam em roubar o milho armazenado no paiol. Quem cuidava do paiol era um cachorro. Um cachorro preto e grande. Quem cuidava do paiol antes do cachorro cuidar do paiol era o pai do cachorro e, antes do pai do cachorro, quem cuidava do paiol era o avô do cachorro. E sempre foi assim, a família do cachorro cuidando do paiol, e não deixando que os ratos comessem todo o milho. Era um trabalho duro: os ratos não acabavam nunca e, chovesse ou fizesse sol, lá estavam para roubar uma espiga aqui, outra ali. O cachorro não tinha folga e para fazer frente à rapidez dos ratos, mantinha os músculos em forma e os reflexos ligeiros. Em compensação, o cachorro adorava o seu trabalho. Afinal, se não fosse por ele, os ratos já teriam há muito tempo comido todo o milho e acabado com a comida dos demais bichos. Em reconhecimento ao seu trabalho, a bicharada elegeu o cachorro o presidente da fazenda. E claro que o mando do presidente não era perfeito, discussões surgiam, a insatisfação aparecia. Mas, de uma coisa todos podiam ter certeza: quem trabalhasse, ganhava o seu quinhão. Um dia, apareceu na fazenda um gato. Um gato magro e bigodudo. Tão bigodudo que, se tivessem barba os gatos, esse poderia ser um gato barbudo. O cachorro, como todo cachorro que se preza, ciente da sua função e do valor do seu trabalho, latiu para o gato, quis que o gato fosse embora. O cachorro sentia que aquele bicho de ar debochado, malicioso, sem muito gosto para o trabalho, não poderia ser grande coisa. O fazendeiro não ouviu o que o cachorro quis dizer, e o gato foi ficando, foi ficando, foi ficando...
O gato, que não trabalhava (que, aliás, nunca tinha trabalhado), tinha bastante tempo para conversar com os outros bichos da fazenda. E chegava de mansinho junto da bicharada, magrinho, fraquinho, e começava a miar. Os outros bichos, muito bonzinhos, paravam para escutar o que o gato tinha para dizer: - Miau, miau, ai, ai. O que vai ser de mim. Não existe lugar nesta fazenda para um bichinho como eu, tão injustiçado, tão fraquinho! Veja, não posso trabalhar, o sistema é tão injusto! Só por que não nasci forte como o senhor, Seu Cavalo, só por que não posso dar leite como Dona Vaca, não posso trabalhar! O Seu Cachorro, o dono do poder, não avalia essas contingências históricas e me mantém mergulhado nessa penúria... - Mas, Seu Gato, e aquele trabalho que lhe ofereceram na casa, como guardião da dispensa? - Não aceitei, Seu Cavalo. Na verdade, prefiro continuar minha luta por condições mais dignas! No fim, depois de tanta ladainha, os bichos começaram a acreditar no gato. A sentir pena do gato. E o gato, que se dizia injustiçado. Que se fazia passar por vítima. Que era explorado pelo sistema e, principalmente, pelo cachorro que lhe negava tais milhos. Conquistou a simpatia dos bichos. E fez com que os bichos acreditassem que ele, tão sofrido, tão maltratado, iria garantir a todos melhores condições de vida. Tanto miou, tanto fez, que um dia os bichos revoltados com a situação de absoluta miserabilidade do gato e com a injustiça social reinante na fazenda, resolveram destituir o cachorro. E de nada adiantou o cachorro insistir que cuidar do paiol não era para qualquer um. Que ele havia treinado muito para assumir essa função. Que os ratos não eram mole, e não dariam trégua assim tão fácil.
Afastaram o cachorro e, por unanimidade, colocaram no seu lugar o gato. Os bichos sabiam que o gato dantes nunca havia trabalhado. Que não tinha sequer se preparado para assumir a função mais importante na fazenda. Mas acreditaram que o gato, por ter sofrido mais do que ninguém com a política do cachorro, traria ordem e moralidade à administração do paiol. No começo, tudo foi festa: no lombo de Seu Cavalo, viajava o gato para outros sítios e fazendas, falando sobre a sua conquista. Contava aos outros bichos que agora a fazenda vivia uma nova realidade. Tanta era a festa, tanta era a euforia, tanta era a esperança, que os bichos não perceberam que mais e mais gatos não paravam de chegar. Gatos de todos os jeitos. Gatos vindos de todas as partes. Gatos, que em comum com o gato-presidente, nunca tinham trabalhado na vida. E gato-presidente, que curiosamente chamava todos os demais gatos de companheiros, precisava arranjar uma função para essa gataiada. Então, um dia, quando Seu Cavalo apareceu para puxar o arado, percebeu que, no seu lugar, um bando de gatos ocupava os arreios. E Dona Vaca, que produzia o melhor leite da região, foi expulsa da estrebaria pelos companheiros do gato-presidente. E as galinhas, no galinheiro não moravam mais: nos poleiros, gatos e mais gatos fingiam estar botando ovos. E o gato-presidente remunerava prodigamente todos os seus companheiros. Afinal, um trabalho em prol da coletividade desempenhavam...Como era de se esperar, o gato-presidente (nunca havia trabalhado) não conseguia cuidar do paiol. Os ratos logo perceberam a situação: atacavam, como nunca haviam feito, o milho da fazenda.Tão complicada ficou a situação que o gato-presidente precisou conversar com o seu conselheiro. Um gato de óculos, que miava de um jeito esquisito, puxando demais os "erres":
- Miarr, presidente. A coisa tá feia. Em nome da governabilidade da fazenda, temos que nos aliar aos ratos! - Companheiro, os fins justificam os meios! Devemos passar aos demais bichos uma imagem de ordem e tranqüilidade! E os gatos fizeram um pacto com os ratos: os ratos fingiam que não roubavam o milho, os gatos fingiam que caçavam os ratos. Dessa forma, a bicharada acreditava que os ratos estavam sendo combatidos, e os ratos, que por baixo do pano recebiam suas espiguinhas, mantinham os gatos no poder. Entretanto, o milho foi acabando. E os bichos, que haviam acreditado na conversa do gato-presidente, com fome, começaram a ficar insatisfeitos. E foram todos reclamar com o gato-presidente. Tarde demais. O paiol já estava infestado de ratos, ratos por toda parte, ratos em tudo. Ratos e gatos, gordos, barbudos, aproveitando tranqüilamente o que havia sobrado de milho no paiol enquanto o resto da bicharada, os bichos que sabiam trabalhar, que davam duro, ficaram sem comida. Sem comida, e traídos que se sentiram, o maior tesouro de todos: a esperança de dias melhores.
(*) Aristides Athayde é advogado, professor de Direito Internacional da Faculdade de Direito de Curitiba. Mestre pela Northwestern University Chicago, Former Chairperson da Câmara de Comércio Brasil EUA (AMCHAM), Membro da Câmara de Comércio Franco Brasileira e da ICC International Chamber of Commerce.